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Morreu na tarde desta sexta-feira (8/8) o cantor, compositor e multi-instumentista Arlindo Cruz, ícone do samba brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, o músico tinha 66 anos e lidava com sequelas de um acidente vascular cerebral hemorrágico sofrido em março de 2017. O carioca nunca escondeu sua paixão pelo Flamengo – que já foi tema de diversas músicas dele – e pelo futebol em geral.
Curiosamente, o pai de Arlindo – o Arlindão – era vascaíno. No entanto, isso não impediu que ele levasse o filho a diversos jogos do arquirrival. O primeiro deles foi em 1965, quando Cruz tinha apenas sete anos – logo um clássico entre Flamengo e Fluminense, pela final do Campeonato Carioca do ano, que seria vencido pelo rubro-negro por 2 a 1.
O tradicional clássico carioca motivaria, anos depois, a composição da música Fla-Flu, em parceria com Franco. A canção, gravada por Alcione em 1992, descreve o amor do eu-lírico comparado a um “Maracanã em dia de Fla x Flu”.
Outra música de Arlindo Cruz em homenagem ao clube do coração foi lançada em 2013. Na ocasião, o cantor participou da composição coletiva do samba “Zico 60 anos”, homenagem ao maior ídolo da história do Flamengo.
Arlindo Cruz tocou em diversos eventos promovidos pelo Flamengo e tornou-se sócio honorário do clube em 2010, quando foi homenageado. Mesmo depois de se tornar famoso, tentava conciliar a rotina nas rodas de samba com os jogos do clube e era frequentador assíduo do Maracanã.
“Na era Zico, praticamente não perdi nenhum jogo. Eu ficava bolado quando não podia ir, ou numa quarta, ou num sábado. Quase ficava doente. Lembro uma vez que minha mãe, com dificuldade, comprou um radinho de pilha pra mim, para eu ouvir os jogos. E o Flamengo, no dia do seu aniversário, perdeu para o São Cristóvão por 1 a 0 na Gávea. Aí, eu, bolado, pá! Joguei o rádio na parede, quebrei. E entrei na porrada. O coroa ficou na bronca: “Pô, tua mãe comprou o rádio no maior sacrifício (…). Eu era apaixonado, chorava quando o time perdia.”
Arlindo Cruz, ao ge, em 2011
Uma das últimas aparições de Arlindo na televisão, inclusive, foi para falar sobre o rubro-negro. Em fevereiro, ele entrou ao vivo no programa É Gol, do Sportv, para falar sobre o clube na véspera de clássico contra o Vasco pelo Campeonato Carioca.
Não eram raras as aparições de Cruz para comentar sobre o time em programas esportivos da Globo. Em 2011, o músico revelou a reportagem do ge que a amiga Beth Carvalho – outra icônica sambista do Brasil, morta em 2019 – brincava que ele poderia ser comentarista de futebol. O seleto grupo de ídolos do cantor tinha também jogadores que fizeram história em outros times.
O Zico, sem dúvida, foi o meu maior ídolo. Mas o Rivelino foi um cracaço que eu vi jogar. Não atuou no Flamengo, mas era fantástico. O Jairzinho também. Carlos Alberto Torres, idem… No Flamengo, tinha o Geraldo, Assobiador, o Adílio.. Leandro era fantástico, Junior fantástico… Outro cara do samba. Estive com ele recentemente, foi me dar um abraço na Nut. Em 1982, quando gravou o ‘Voa, canarinho’, já estava se chegando para o samba. Foi lá para o Cacique, se entrosou com a rapaziada e gravou até um samba meu. Acho que ‘A luz do teu olhar’, com a Lecy Brandão…
Arlindo Cruz, ao ge, em 2011
Nascido no dia 14 de setembro, Arlindo fazia aniversário na mesma data de um ídolo do Flamengo: o ex-meio-campista Zizinho, que fez história pelo clube na década de 1940 e era o maior nome da história do rubro-negro antes da era Zico.
“O Clube de Regatas do Flamengo lamenta profundamente o falecimento do ilustre rubro-negro e Sambista Perfeito, Arlindo Cruz, nesta sexta-feira (08), aos 66 anos.
Ícone do samba, multi-instrumentista, compositor genial e voz marcante da cultura brasileira, Arlindo sempre levou o nome do Flamengo com orgulho, embalando gerações com seu talento e sua paixão pelo Mais Querido.
Nossos sentimentos aos familiares, amigos, fãs e a toda a nação do samba. Seu legado permanecerá vivo nas arquibancadas, nas rodas de samba e no coração da Nação Rubro-Negra. ❤️🖤“
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