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A montanha é alta e cheia de percalços, mas o Cruzeiro vê o topo. Pelo título inédito do Campeonato Brasileiro Feminino, a Raposa visita o Corinthians neste domingo (14/9), às 10h30, na Neo Química Arena, em São Paulo. A seguir, o No Ataque informa, a seguir, onde assistir, prováveis escalações, opiniões de torcedoras e mais informações.
A trajetória do Corinthians dispensa apresentações. Equipe mais tradicional no cenário nacional, o Timão briga pelo sétimo título (2018, 2020, 2021, 2022, 2023 e 2024) do Brasileiro. A familiaridade com grandes decisões é uma das principais armas do time paulista.
O fator casa é outra. Na Neo Química Arena, o Corinthians carrega retrospecto impressionante: são 27 partidas, 25 vitórias e dois empates. Para fazer as Brabas seguirem no caminho dos triunfos, a torcida garante apoio massivo. Mais de 30 mil ingressos já foram comercializados para a final da Série A1.
Ciente da movimentação, Lucas Piccinato, técnico do Timão, cravou que papará o título: “Agora a gente vai viver o outro lado da moeda, né? Poder jogar a favor do nosso torcedor, na nossa casa, com tudo aquilo que nos faz bem, nos deixa tranquilos para poder fazer uma grande partida. E tenho certeza que a gente vai sair campeão”.
Diferentemente dos anos anteriores, o clima entre a torcida do Corinthians é de ansiedade e apreensão. Se nas outras edições o título estava encaminhado, agora, o Timão pode ver o favoritismo ser deixado de lado. Isso justamente devido ao nível do adversário, que solidifica projeto promissor e enraíza dia após dia a cultura do futebol feminino.
O Cruzeiro, sensação da temporada, vive a primeira final de Brasileiro e persegue taça inédita. No primeiro jogo, que terminou empatado por 2 a 2, a Raposa mostrou que tem qualidade para superar o Corinthians. Letalidade e estabilidade psicológica têm sido os trunfos das Cabulosas no ano, fatores que podem contribuir para segurar a pressão fora de casa e chegar no pico da escalada.
Jonas Urias, técnico do Cruzeiro, argumentou que abafar o ataque corintiano nos primeiros minutos será essencial: “Se a gente faz um desempenho bom taticamente nesse início, o que acontece é que essas chances, se você segura, a torcida fica mais morna. Mantê-las longe do nosso gol por uma capacidade de pressionar bem a bola e o entorno da bola vai ser crucial para a gente manter o Corinthians, nesse momento mais sensível mentalmente, mais longe do gol”.
O comandante exibiu confiança e garantiu que o time celeste viaja à capital paulista para buscar o título. Esclarecidas, as atletas creem no triunfo. E também terão suporte. Cinco ônibus com cruzeirenses saem de Belo Horizonte na noite de sábado (13/9). São pelo menos 225 adeptos nas chamadas caravanas, além dos que residem em São Paulo ou vão por conta própria.
A matemática do Brasileiro Feminino é simples. Não há gol qualificado, portanto, a equipe que triunfar na Neo Química Arena leva o título. Outra igualdade arrasta a decisão para os pênaltis.
Mais uma vez, ao fim do primeiro jogo, o Cruzeiro alimentou a sensação de que pode ganhar do time a ser batido. “O jogo que a gente faz mostra que a gente pode vencer lá. É uma sensação maravilhosa”, disse Jonas Urias. Para isso, as Cabulosas terão de romper com retrospecto negativo.
Mineiras e paulistas se enfrentaram quatro vezes na atual temporada. São três vitórias na conta do Corinthians, além de dois empates – um, na Copa do Brasil, seguido de triunfo do Timão nos pênaltis.
Em toda a história, o Timão também sai na frente. As equipes somam 12 encontros: são nove triunfos do Timão, uma do Cruzeiro – 7 a 2 em 2024, pelo Brasileiro – e duas igualdades.
Os torcedores que não forem à Neo Química Arena terão três opções para acompanhar o duelo entre Corinthians e Cruzeiro, pela volta da final do Brasileiro Feminino: Globo e TV Brasil (TV aberta) e SporTV2 (TV fechada).
O Corinthians deve ser representado por: Nicole; Gi Fernandes, Thais Ferreira, Mariza, Erika e Tamires; Day Rodríguez, Duda Sampaio e Vic Albuquerque; Gabi Zanotti (Jhonson) e Jaqueline.
Ivana Fuso, atacante contratada em julho, teve problemas com a documentação e não foi inscrita a tempo da fase final do Brasileiro. Portanto, desfalca o Timão.
O Cruzeiro tem pelo menos dois desfalques para a decisão com o Corinthians: a zagueira Layza (entorse no tornozelo esquerdo) e a atacante Fabíola Sandoval (lesão no ligamento colateral anterior de joelho esquerdo). A também zagueira Gio Oliveira lida com edema ósseo no joelho direito, mas já faz trabalhos em campo, então pode integrar o quadro de relacionadas.
Jonas Urias deve mandar a campo: Camila; Vitória Calhau, Isa Haas e Paloma Maciel; Isa Chagas, Bedoya, Pri Back (Gaby Soares) e Gisseli; Marília, Lelê (Vanessinha) e Byanca Brasil.
O No Ataque conversou com torcedoras de ambas as equipes. Pelas declarações, a intensidade do confronto aquecerá os termômetros de São Paulo.
Corintiana, a jornalista Leticia Lazaro, de 28 anos, não acredita em tarefa fácil. Ela aposta em vitória “sofrida” por 2 a 1.
“Eu tenho a expectativa que seja um jogo bem difícil. Toda final é, mas tenho a sensação que é a com os times mais equilibrado dos últimos anos e que qualquer coisa pode acontecer. Acho que o Corinthians é favorito por jogar em casa e pelas jogadoras que tem, mas a sensação é que o Cruzeiro tem um time plenamente capaz de ganhar o jogo ou quem sabe levar a partida pros pênaltis, então o Corinthians precisa se impor pra conseguir ganhar o título”
Leticia Lazaro, jornalista
Também torcedora do Timão, a comunicóloga Barbara Ferreira vê cenário diferente nesta temporada. Se antes a equipe paulista chegava à decisão com favoritismo absoluto, agora, a realidade é outra: “Está um clima de ‘vamos provar que quem manda ainda é o Corinthians’. Estou sentindo a torcida mais pilhada. Está diferente, muito por conta do time que está do outro lado. O Cruzeiro é uma baita equipe, com jogadoras muito boas”.
“Vai ser um jogaço, casa cheia. Tomara que não tenha nenhuma situação envolvendo a arbitragem, esse ano foi bem difícil para todos os times, muito estranho em relação à arbitragem… O jogo de volta tem tudo para ser um baita jogo. Pela experiência que o Corinthians tem nessas finais, sai um pouco na frente. Por estar jogando em casa e estar acostumado a jogar nesses grandes palcos, disputar finais, coisa que o Cruzeiro ainda não chegou. Isso pode ser um diferencial e por isso acho que o Corinthians vai ganhar… Se tivesse que chutar um placar, 2 a 1 eu já estou aceitando”
Barbara Ferreira, comunicóloga
Natália Simões, idealizadora da Desorganizada Cabulosa, acompanha a equipe ferrenhamente há cerca de dois anos e disse estar vivendo um sonho: pelo lugar que o Cruzeiro chegou e pelo desenvolvimento da modalidade. A expectativa da médica é testemunhar vitória celeste por 2 a 1.
“Estamos vivendo um sonho. Que seja um dia especial, para o futebol feminino e para cruzeiro. Tem sido muito especial acompanhar de perto os jogos fora (de casa). Vivemos coisas lindas nas últimas caravanas, que fomos com apenas um ônibus, e, agora, tende a ser extraordinário. São três ônibus nossos e mais dois de outras TOs (torcidas organizadas). Essa demanda para um jogo fora enche o coração da gente e nos faz perceber o tamanho do que esse time tá construindo. Byanca fala em legado, e é isso. Legado dentro e fora do campo”
Natália Simões, médica
Noite a dentro em um ônibus rumo a São Paulo é o cumprimento de uma promessa que Ana Paula, integrante da Desorganizada Cabulosa, fez a si mesma: nunca mais perder uma final in loco. A fisioterapeuta estipulou tal condição em 2024, quando não pôde assistir à final da Supercopa, contra o mesmo Corinthians.
Agora, a esperança de Ana Paula é ver Byanca Brasil e Isa Haas marcarem e darem vitória ao Cruzeiro por 2 a 1
“Jogo pegado, digno de uma final de Brasileiro entre os dois melhores times do Campeonato, mas com receio da equipe de arbitragem escolhida pela CBF, que já foi protagonista de muitas polêmicas neste ano”
Ana Paula, fisioterapeuta
“A gente sabe que jogo dessa magnitude é decidido nos detalhes. A gente não pode errar. Tem que manter o foco o tempo inteiro. A gente sabe o quanto é forte ofensivamente. Não podemos tomar esses gols tomamos. Eu acho que o segredo é a gente continuar trabalhando do jeito que a gente vem… Espero que tenha mais de 40 mil pessoas lotando a Arena. Vai ser ainda mais sensacional ter eles pertinho, isso dá um gás”
Tamires, lateral-esquerda do Corinthians
“A gente se encontra no jogo, melhora, acaba fazendo gol e se sobressaindo. Foi um jogo muito equilibrado, tiveram momentos para elas, momentos para nós. Eu acho que é saber aproveitar melhor esses nossos momentos e saber sofrer um pouco mais”
Isa Haas, zagueira do Cruzeiro
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