Início » Cruzeiro tem lucro no Brasileiro Feminino e caminha para cumprir meta
Pela primeira vez, o Cruzeiro lucrou com bilheteria no Campeonato Brasileiro Feminino. A histórica campanha do elenco, que se consagrou vice-campeão, aliada, é claro, a estratégias desenvolvidas pelo clube atraíram a torcida celeste às arquibancadas do Gregorão, do Castor Cifuentes e do Independência, todos na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A inédita receita indica que a Raposa caminha para cumprir meta estabelecida pela diretora Bárbara Fonseca.
Conforme relatado pela dirigente ao No Ataque, o departamento de futebol feminino do Cruzeiro tem um objetivo importante para 2028, ano que sucede a próxima edição da Copa do Mundo Feminina, a ser disputada no Brasil: ser autossustentável.
“A gente vai competir muito e por isso não abrimos mão de ser referência no cenário nacional. Valorizar produto, buscar receita, isso está dentro de um planejamento… Hoje, a gente não é (sustentável). É deficitário. Conta com o cofre do clube como um todo. A receita que entra não paga a temporada. Mas entendendo que a Copa pode ser o grande boom para que em 2028 a gente alcance este patamar. O planejamento não fala só do jogo, é sistêmico”, iniciou Bárbara Fonseca.
Em 2025, o Cruzeiro trabalha com investimento de cerca de R$ 15 milhões, um aumento exponencial de mais de 800% em relação a 2019. Patrocinadores também contribuem financeiramente.
Pela campanha no Brasileiro, o clube celeste arrecadou R$ 1,5 milhão. Já pela participação na Supercopa, a Raposa embolsou R$ 44 mil. Somados, os números não chegam a 11% do capital, o que ilustra a atual situação do departamento, exposto pela diretora.
Pelo ‘andar da carruagem’, é possível que a meta seja antecipada. De acordo com Bárbara Fonseca, algumas variáveis impedem o departamento de cravar objetivos desportivos, entretanto, renunciar propósitos administrativos, mesmo que atrasem, não está nos planos.
“Óbvio que posso antecipar e me tornar sustentável antes de 2028. Acho que é possível. Porque hoje entrego resultados que não achei que fosse entregar… São tantas variáveis que é difícil cravas metas desportivas, mas de organização financeira e administrativa não abro mão que a gente cumpra todas as metas. Se puder antecipar, ótimo. Mas retardar essa entrega, para mim, é inadmissível. Pode ser que aconteça, mas não é dessa forma que queremos trabalhar”, continuou.
Bárbara Fonseca detalhou que três fatores são pilares no processo para se tornar autossustentável: bilheteria, patrocínios e venda de atletas. A trinca tem se tornado realidade no departamento de futebol feminino do Cruzeiro.
De forma inédita, o Cruzeiro lucrou com bilheteria no Campeonato Brasileiro Feminino. Somados, os 11 jogos como mandante renderam ao clube estrelado R$ R$ 444.677,63, segundo os borderôs disponibilizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Destaque para o primeiro jogo da final da Série A1, contra o Corinthians, quando o Independência recebeu 19.175 torcedores, o maior público da história do futebol feminino de clubes em Minas Gerais. O apoio massivo da torcida gerou renda de R$ 295.089,61 à Raposa.
“A gente já iniciou uma cultura de cobrar ingresso, porque a gente precisava entender o quanto a torcida ia comprar a ideia de pagar para assistir aos jogos. Agora o Cruzeiro precisa também atuar junto ao torcedor, buscar melhores estruturas e melhores horários para os jogos. Fazendo isso, a gente de fato vai apelar para o torcedor cada vez mais comprar o bagulho do feminino, se identificar e, de fato, virar torcedor do feminino também. A gente não quer competir”, disse Bárbara Fonseca.
Em 2019, o Cruzeiro brigou na Série A2. A partir da temporada seguinte, o clube aprimorou a campanha na Primeira Divisão. Em 2020, foram sete jogos como mandante e prejuízo de R$ 84.862,27. Em 2021, outras sete partidas e gasto de R$ 73.162,43. Em 2022, também sete duelos significaram perda de R$ 96.271,86. Em 2023, o valor negativo chegou a R$ 188.468,41 em oito compromissos. Por fim em 2024, menos R$ 176.336,27 em nove confrontos.
O trabalho do clube tem atraído patrocinadores. Seis marcas atendem exclusivamente o futebol feminino do Cruzeiro: Gerdau, Bis, Neutrox, Rexona, Modess e Trident. Outras três são compartilhadas com o masculino: Cimed, Supermercados BH e Betfair. As cifras referentes a cada contrato não foram reveladas pela Raposa.
“Eu acho que hoje que a camisa feminina do Cruzeiro é a com maior número de patrocinadores. Acredito que não existe outro no futebol feminino do Brasil que tenha tantos patrocinadores, cinco (seis) exclusivos e dois (três) que concorrem na camisa do masculino. Então a gente precisa cada vez mais buscar patrocinadores”, continuou a dirigente.
Pouco a pouco, o Cruzeiro se insere no mercado de transferências. Em março deste ano, o clube realizou a primeira venda do departamento de futebol feminino.
A jovem volante Rebeca, de 20 anos, transferiu-se ao Houston Dash, dos Estados Unidos, em negociação que gerou 170 mil dólares (cerca de R$ 1 milhão) à Raposa. Atualmente, a atleta passa por período de empréstimo no Dux Logroño, da Espanha.
Agora, o Cruzeiro encaminha a venda de Isa Chagas, lateral-direita, ao PSG, da França, por 300 mil euros (algo em torno de R$ 1,8 milhão). A defensora chegou a custo zero em Belo Horizonte e mantinha vínculo com a Raposa até o fim de 2026.
Nesse tópico, as categorias de base são essenciais, destacou Bárbara Fonseca: “Por último, a gente precisa de fato fomentar nossa base. A grande receita de qualquer departamento de futebol profissional é a venda de atletas. A gente vai começar para em breve também fazer essa receita”.
O Cruzeiro trabalha para dar início ao projeto da base. Estão à frente Bárbara Fonseca e Keyla Monadjemi, coordenadora. A princípio, o clube impulsionará a categoria sub-17. No início de setembro, o clube abriu as portas da Toca da Raposa 1 para realizar peneiras e já contratou alguns integrantes para a comissão técnica – treinador, preparador de goleiros e preparador físico. Em breve, o clube compartilhará os nomes.
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