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Aposentado dos gramados desde 2019, o ex-zagueiro Alex Silva, de 40 anos, trabalha como vendedor em uma loja de materiais de construção. Em entrevista ao jornalista e youtuber Lucas Strabko, o Cartolouco, o antigo jogador de São Paulo, Flamengo e Cruzeiro mostrou a rotina na Dani Pisos, em Santa Gertrudes, no interior paulista. A cidade de 23 mil habitantes fica colada em três municípios maiores: 9 km de Rio Claro (210 mil pessoas), 24 km de Limeira (291 mil) e 33 km de Araras (130 mil.).
“Eu estava como treinador de futebol. O Wosmani, que é o dono, é apaixonado por futebol. Fui apresentado a ele, que me convidou para jogar no time veterano do Porto. Depois, ele chamou: ‘Alex, vem trabalhar comigo. Daí peguei e vim”, disse Silva, que contou com o apoio de colegas para se adaptar à função. “Cheguei aqui sem saber nada. Pensei: ‘gente, será que vou conseguir?’ Aí foi encaminhando e o pessoal me ajudando”.
Chamado de Pirulito, Alex teve o Jorge Wilstermann como último clube. De 2017 a 2019, conquistou o Campeonato Boliviano (2018) e disputou três edições da Copa Libertadores. Até que um dia, aos 34 anos, resolveu pendurar as chuteiras.
“Comecei a perder o prazer. Quando você chega para treinar e começa a reclamar de tudo, está na hora de parar. E no futebol, quando você para, não sabe fazer nada. Não sabe entrar no banco e nem tirar uma passagem de avião. Porque fazem tudo por você”.
Sobre as atividades na loja de pisos, iniciada há quase um ano, o zagueiro tricampeão brasileiro pelo São Paulo (2006, 2007, 2008) e da Copa América de 2007 pela Seleção Brasileira considera uma forma de preencher a lacuna do pós-futebol.
“Confesso que eu não me preparei para parar. O que é mais importante para um ex-atleta é se ocupar. Ocupar a mente. Porque muitos chegam ao estágio de depressão. Agradeço demais a Deus por estar aqui”.
Alex Silva
Na opinião de Alex, a tarefa de hoje é mais complexa do que a vida no esporte, uma vez que se trata de um componente do lar dos brasileiros, que muitas vezes impacta na parte emocional. “Não que no futebol não tenha responsabilidade. Mas aqui é mais. Você trabalha numa questão como essa, que é o sonho de uma pessoa, que guardou o dinheiro dela a vida inteira… se você falhar, é uma tristeza muito grande para a pessoa”.
No bate-papo com Cartolouco, o ex-jogador apresentou os detalhes da Dani Pisos: salão principal da loja, estoque, depósito e a interação com funcionários e clientes. Também abriu as portas do escritório decorado com camisas de vários clubes e fotos de momentos relevantes no futebol, entre os quais a ocasião em que enfrentou Lionel Messi em Brasil x Argentina, pela semifinal da Olimpíada de Pequim, na China, em 2008.
Alex Silva diz que o maior salário da carreira foi quando defendeu o Hamburgo, da Alemanha, de agosto de 2008 a dezembro de 2009. Ele cometeu um ato falho ao afirmar que tinha quase 30 anos – na verdade, sua idade era de 23 para 24. A remuneração de 100 mil euros equivalia a R$ 240 mil na cotação da época (R$ 600 mil em valores corrigidos para 2025).
“Infelizmente, no nosso país, a gente olha a pessoa, e ela vale só se tiver um carro importado. Hoje no futebol se ganha dinheiro. Meu maior salário, eu já estava beirando os 30 anos de idade (na verdade, 24 anos). Foi no Hamburgo, da Alemanha. Na época, eram 100 mil euros”.
No Flamengo, clube que o comprou do Hamburgo em 2011, por 2,5 milhões de euros, Alex Silva conviveu com atrasos salariais. Por isso, decidiu entrar na Justiça solicitando o encerramento do vínculo, decisão da qual se arrependeu posteriormente.
“A maneira como saí do Flamengo. Naquela ocasião, com os salários atrasados, acabei entrando na Justiça. Muito pela cabeça de outras pessoas, advogados, enfim”.
Alex Silva
Segundo informações divulgadas em 2013 pelo ge.globo, o salário do zagueiro no Flamengo era de R$ 300 mil mensais. Em agosto daquele ano, o jogador aceitou acordo com o clube para receber R$ 2,2 milhões da rescisão antecipada do contrato.
Alex Silva é irmão de Luisão, zagueiro que se destacou no Cruzeiro de 2000 a 2003 (154 jogos, 15 gols e seis títulos) e passou o restante da trajetória no Benfica, gigante do futebol português. Os dois tiveram a oportunidade de atuar juntos na Seleção Brasileira. “Nós ficamos no mesmo quarto. A grande vantagem é você ter alguém para desabafar e estar vivendo aquilo também”.
Ao ser perguntado sobre quem jogou mais, Alex explicou seu ponto de vista. “Tecnicamente, o próprio Luisão fala que eu fui um pouco melhor. Agora, se formos falar de conquistas, aí eu fico com ele, que disputou duas Copas do Mundo”.
O ex-são-paulino promete que tentará vender pisos para Luisão, que voltou a morar no Brasil após mais de duas décadas em Portugal. “Já estou atrás dele. Vai ter que entrar também numa parceira. Deixa ele, não escapa não”.
Em duas passagens pelo São Paulo, Alex Silva jogou 143 partidas e marcou 12 gols. O auge técnico ocorreu em 2007, ano em que o Tricolor ganhou o Brasileirão com 77 pontos, 12 de vantagem sobre o Santos, vice-campeão.
Entusiasta do sistema com 3-5-2, o técnico Muricy Ramalho alternava o trio de zagueiros com Alex Silva, André Dias, Miranda e Breno. O paredão tricolor, que ainda tinha o goleiro Rogério Ceni, sofreu apenas 19 gols em toda a competição.
Graças ao bom futebol demonstrado no São Paulo e ao jeito firme de conter os atacantes adversários, Alex Silva foi requisitado para a Seleção Brasileira na Copa América de 2007 e nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, em que ganhou a medalha de bronze.
Emprestado pelo Flamengo ao Cruzeiro, Alex Silva desembarcou na Grande Belo Horizonte em abril de 2012, sendo recepcionado com festa por cerca de 50 torcedores no Aeroporto de Confins.
Ele esteve em campo nas duas partidas contra o Athletico-PR, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, e no duelo com o Atlético-GO, na primeira rodada do Brasileirão. Nesse jogo, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo e perdeu o restante da temporada.
Em 16 anos de carreira, Alex também jogou por Vitória, Rennes (França), Boa Esporte, São Bernardo, Brasiliense, Rio Claro e Hercílio Luz.
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