Início » Ídolo do Cruzeiro atribui derrota no Mundial a ‘ambiente pesado’
Ídolo do Cruzeiro, Marcelo Ramos afirmou que o “ambiente pesado” na relação dos jogadores com o técnico Nelsinho Baptista foi determinante para a derrota diante do Borussia Dortmund na final do Mundial de Clubes de 1997. O ex-atacante também citou a ausências de peças importantes na conquista da Copa Libertadores.
Tão logo acabou a Libertadores, o elenco perdeu duas peças importantes. O meia Palhinha, que tinha contrato até janeiro de 1998, foi vendido por US$ 1,5 milhão ao Mallorca, da Espanha. Já o técnico Paulo Autuori – que enfrentava problemas de relacionamento com o então diretor de futebol Moraes (ex-zagueiro do clube) – aceitou convite para dirigir o Flamengo.
A primeira opção do Cruzeiro era o colombiano Francisco Maturana, à época treinador da Seleção do Equador. Veio Nelsinho Baptista.
“Fomos campeões com o Paulo Autuori e ele teve um problema com o diretor de futebol e não queria ficar de jeito nenhum. Queríamos que ele ficasse pela forma de jogar, o entrosamento e a relação com o grupo de jogadores. Veio o Nelsinho Batista e ele criou algumas situações com alguns jogadores, a forma de jogar”, relembrou Marcelo, em entrevista ao Charla Podcast.
Com Nelsinho, o bom time da Libertadores quase caiu no Campeonato Brasileiro. Foram seis vitórias, 10 empates e nove derrotas em 25 jogos na primeira fase. Na competição de 26 clubes, o Cruzeiro ficou em 20º, com 28 pontos – dois a mais que o Bahia, o primeiro entre os rebaixados (23º). A fuga da degola só veio na última rodada, no empate por 2 a 2 com o Santos, na Vila Belmiro.
“O time não estava indo bem no Campeonato Brasileiro. Isso é fato. Mas não era porque estávamos fazendo corpo mole, muito pelo contrário. Tínhamos que correr porque a estávamos no Cruzeiro e tínhamos que fazer o melhor pois estávamos pensando no Mundial. As coisas não estavam acontecendo, tanto que fomos até a última rodada, contra o Santos, eu faço um gol, o Elivélton faz um gol e a gente livra do rebaixamento. E aí começam algumas questões sobre a forma de jogar”.
Marcelo Ramos
Ante à ausência de sintonia entre comandantes e comandados, a tentativa de aparar as arestas veio mediante reunião que acabou malsucedida. Marcelo Ramos contou que o grupo de jogadores expôs as insatisfações ao treinador, e o retorno não foi como esperado. Gottardo, capitão que levantou a taça da Libertadores, foi descartado por Baptista.
“Fizemos uma reunião, pois a galera não estava gostando da forma que estava jogando. O Nelsinho perguntou como queríamos jogar, quando o Gottardo foi falar, o Nelsinho disse que ele já estava fora e que não jogaria com ele. Disse ainda que jogaríamos da forma que ele quisesse, o ambiente ficou meio pesado.”
Marcelo disse que houve novo atrito entre Nelsinho e o grupo no intervalo do jogo entre Independiente e Cruzeiro, vencido pelos argentinos por 3 a 1, pela Supercopa de 1997. Na ocasião, o treinador insinuou que alguns atletas “mandavam” no clube.
“Em um jogo contra o Independiente, em Avellaneda, fomos para o intervalo perdendo de 1 a 0. O Nelsinho entrou no vestiário chutando tudo e disse que éramos um time de donos (jogadores que supostamente mandavam no clube). E na minha cabeça não era isso. Ele apontou para o Roberto (Gaúcho), para outro e para mim. Então, assim, o ambiente ficou pesado.”
Marcelo Ramos
Após o fracasso do Cruzeiro no Brasileiro, as cobranças em cima do elenco foram fortes. Era preciso dar resposta no Mundial diante de um Borussia que havia superado a Juventus na final da Liga dos Campeões.
O presidente Zezé Perrella, então, buscou quatro reforços para aquele jogo: o lateral-direito Alberto, o zagueiro Gonçalves e os atacantes Donizete Pantera e Bebeto. Já estava no grupo desde o Brasileiro o armador Palacios, camisa 10 da Seleção Peruana.
Dos cinco nomes citados, apenas Alberto ficou na reserva. Gonçalves substituiu Gelson Baresi e formou dupla de zaga com João Carlos. Gottardo nem sequer viajou ao Japão, enquanto Célio Lúcio foi vendido ao Braga de Portugal.
No ataque, Marcelo Ramos ficou na reserva. Entrou Bebeto. E Donizete Pantera preencheu a vaga que seria de Elivélton. Porém, para manter o autor do gol do título da Libertadores na equipe, a saída de Nelsinho Baptista foi improvisar.
Marcelo lamentou o resultado, mas foi enfático ao dizer que o ambiente negativo e as mudanças abruptas influenciaram na derrota.
“O Vitão (ex-lateral-direito) brigou e jogou. Nonato não foi relacionado, eu fiquei no banco. O Elivélton, que era ponta, jogou de lateral-esquerdo. Foi 2 a 0, mas jogamos bem. Poderíamos ganhar com quem jogou a Libertadores, o ambiente é tudo. Para jogadores como eu, Ricardinho e Nonato, vitoriosos no clube, faltou o Mundial. Mas isso é o futebol”.
No dia 2 de dezembro de 1997, o Borussia Dortmund ganhou do Cruzeiro por 2 a 0, no Japão, com gols de Michael Zorc, aos 35 minutos do primeiro tempo, e Heiko Herrlich, aos 39′ da etapa final.
O time alemão atuou com Klos; Reuter, Feiersinger, Júlio César e Heinrich; Freund, Paulo Sousa, Zorc (Kirovski) e Möller; Chapuisat (Decheiver) e Herrlich.
A Raposa teve Dida; Vitor, João Carlos, Gonçalves e Elivélton; Fabinho, Ricardinho, Cleisson e Palacios (Marcelo Ramos); Bebeto e Donizete.
Marcelo representou o Cruzeiro em quatro passagens (somadas, duraram cinco anos e meio). Os 163 gols em 365 jogos o colocam na sexta posição entre os maiores artilheiros de sempre da Raposa.
Ele é o único jogador que conquistou a Copa Libertadores (1997), o Campeonato Brasileiro (2003) e a Copa do Brasil (1996 e 2003) vestindo a camisa azul.
O ídolo ainda ganhou Recopa Sul-Americana (1998), Copa Ouro (1995), Copa Master (1995), Copa Sul-Minas (2001), Copa Centro-Oeste (1999), Campeonato Mineiro (1996, 1997, 1998 e 2003) e Copa dos Campeões Mineiros (1999).
Thiago, atacante do Brentford, da Inglaterra, comemora gol sobre o Bournemouth (foto: Divulgação/Bournemouth) Igor Thiago, ex-atacante do Cruzeiro, foi o autor de um dos gols da vitória do ...
O Cruzeiro divulgou, na noite deste domingo (31/8), os bastidores da vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo nesse sábado (30/8), pela 22ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Mineirão. A preleção da ...
Volante Ryan Guilherme reforça o Cruzeiro até o fim de 2029 (foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro) O Cruzeiro anunciou, nesta terça-feira (2/9), as contratações do lateral-direito Kauã Moraes, do ...