Marianita faz história e entra na Calçada da Fama do Grêmio

Marianita faz história e entra na Calçada da Fama do Grêmio

2 minutos 15/09/2025

Porto Alegre, RS, 27 (AFI) – O Grêmio vai escrever um novo capítulo na sua história nesta segunda-feira. Marianita Nascimento, diretora do futebol feminino do clube, será a primeira mulher a receber a homenagem na Calçada da Fama de um clube do futebol brasileiro. Aos 64 anos, ela é referência e símbolo da luta pelo desenvolvimento do futebol feminino no país.

A cerimônia acontece às 18h, reconhecendo não só a trajetória pessoal de Marianita, mas a caminhada de toda uma geração de pioneiras do Tricolor. Desde o fim dos anos 1970, ela já desafiava as regras, enfrentando proibições e atuando de forma amadora, quando o esporte era visto como “incompatível com a natureza feminina”.

FUTEBOL FEMININO NO GRÊMIO

Nascida e criada em Porto Alegre, Marianita cresceu em um ambiente respirando o azul, preto e branco. Filha de ex-dirigente e irmã de conselheiro gremista, ela logo se apaixonou pelo futebol. Ainda adolescente, formou um grupo de meninas para jogar nas quadras públicas da cidade.

Foi dela a iniciativa de propor a criação do time feminino do Grêmio, levando a ideia diretamente ao presidente da época. O projeto foi abraçado, mas logo veio o baque: o futebol feminino era proibido no Brasil, o que gerou multas ao clube. Ainda assim, as “gurias do Grêmio” seguiram firmes, jogando de forma clandestina até 1979, quando a proibição caiu.

Com apoio de nomes importantes como o vereador Valdir Fraga, Marianita passou a lutar pela regulamentação da modalidade. Em 1982, integrou a comissão da Federação Gaúcha de Futebol que elaborou o anteprojeto sobre futebol feminino e fundou a Liga de Futebol Feminino de Porto Alegre, organizando o primeiro Gauchão extraoficial.

MARCA HISTÓRICA NO TRICOLOR

No mesmo período, Marianita foi convocada para defender a seleção em excursão pela Europa, durante a Copa do Mundo masculina, chegando ao vice-campeonato do torneio. Em 1983, após articulação com a diretoria, o Grêmio oficializou o Departamento de Futebol Feminino, e ela se tornou capitã do time que conquistou o vice no primeiro Campeonato Gaúcho oficial.

No início de 1984, fundou o Independente FC, primeiro clube exclusivamente feminino filiado à Federação Gaúcha. Décadas depois, Marianita voltou ao Tricolor para liderar o projeto que levou o Grêmio às taças do Estadual e da Brasil Ladies Cup em 2024.

Para Marianita, ser imortalizada na Calçada da Fama é a consagração de uma luta coletiva. Desde que soube da homenagem, ela faz questão de exaltar o legado das pioneiras do futebol feminino gremista. Na cerimônia desta segunda, será homenageada ao lado de Arce e Carlos Miguel, ídolos multicampeões do clube. “Os meus pés estão imortalizados. Isso é muito grande. É gigante. Num clube que eu amo. É um prêmio que significa muito mais do que qualquer campeonato que eu pudesse ganhar”, afirmou.

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