Início » Surdo nas mãos, coração na boca: torcida do Cruzeiro prepara festa na final do Brasileiro
Surdo nas mãos, coração na boca. Pela primeira vez na história, a equipe feminina do Cruzeiro pode levantar um título nacional. E a torcida não negocia testemunhar o feito in loco. Guiados pela ansiedade de viver o inédito, fãs se mobilizam para ocupar o espaço de visitantes na Neo Química Arena, em São Paulo, e motivar as Cabulosas. Raposa e Corinthians jogam a segunda partida da final do Campeonato Brasileiro Feminino neste domingo (14/9), às 10h30.
O desempenho de ambas as equipes no primeiro encontro deixou claro que tudo pode acontecer. No Independência, em Belo Horizonte, jogo aberto, equilibrado e com chances para os dois lados terminou com empate por 2 a 2. Agora, o time que triunfar no tempo regulamentar põe as mãos na taça – outra igualdade leva a decisão para os pênaltis.
Mesmo fora de casa, as atletas cruzeirenses estarão representadas por pontos azuis e brancos na arquibancada. Cinco ônibus saem da capital mineira na noite de sábado (13/9), cada um com 45 torcedores. Três desses automóveis foram financiados por Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube.
O mandatário os destinou à Desorganizada Cabulosa, torcida dedicada exclusivamente ao time feminino, ao Comando Rasta e à China Azul. O primeiro grupo, aliado ao Movimento Revolucionário Azul e à Resistência Azul Popular, ainda conseguiu angariar fundos e mobilizar outras pessoas a fim de encher outros dois ônibus. São, portanto, 225 adeptos nas chamadas caravanas. Além, claro, daqueles que já residem em São Paulo ou que vão por conta própria.
A festa na capital paulista já está organizada. Bateria pronta, faixas nas malas e papéis picados. Para os torcedores, as regras são: fazer barulho e cantar até perder a voz. A música que guia os adeptos até a Neo Química Arena tem a atacante Byanca Brasil como personagem e o título do Brasileiro como obsessão.
Natália Simões é a idealizadora da Desorganizada Cabulosa. Ao No Ataque, a médica, que acompanha a equipe ferrenhamente há cerca de dois anos, disse viver um sonho: pelo lugar que o Cruzeiro chegou e pelo desenvolvimento da modalidade. A expectativa é testemunhar vitória celeste por 2 a 1.
“Estamos vivendo um sonho. Que seja um dia especial, para o futebol feminino e para cruzeiro. Tem sido muito especial acompanhar de perto os jogos fora (de casa). Vivemos coisas lindas nas últimas caravanas, que fomos com apenas um ônibus, e, agora, tende a ser extraordinário. São três ônibus nossos e mais dois de outras TOs (torcidas organizadas). Essa demanda para um jogo fora enche o coração da gente e nos faz perceber o tamanho do que esse time tá construindo. Byanca fala em legado, e é isso. Legado dentro e fora do campo”
Natália Simões, presidente da Desorganizada Cabulosa
Cada torcida organizada é responsável por elaborar sua logística: horário de saída, trajeto, paradas, retorno, entre outros aspectos. Algumas questões, no entanto, dependem da aprovação da Polícia Militar. Em relação ao que é permitido no estádio, os diretores aguardam retorno de ofícios, enviados com antecedência aos responsáveis.
Um dos planos, por exemplo, era receber as atletas na entrada do estádio, mas as autoridades não permitem. Bandeira com mastro também não sairão de Belo Horizonte – o item é proibido no estado de São Paulo.
Enquanto esperam pelo contato da PM, os diretores de cada TO especulam o que será possível carregar. As baterias de todas estão confirmadas. A China planeja levar dois mil balões e faixas de mão, além de papel picado – que precisa ser liberado. A Desorganizada conta com 16 bandeiras e cerca de 60 faixas de mão – também há as que já foram entregues aos torcedores que vão na caravana. O Comando Rasta tem um bandeirão, três faixas de 10 metros, duas bandeiras menores e 200 ‘bandeirolas’.
Noite a dentro em um ônibus rumo a São Paulo é o cumprimento de uma promessa que Ana Paula, integrante da Desorganizada Cabulosa, fez a si mesma: nunca mais perder uma final in loco. A fisioterapeuta estipulou tal condição em 2024, quando não pôde assistir à final da Supercopa, contra o mesmo Corinthians.
Na temporada passada, o Timão levou a melhor e triunfou por 1 a 0. Agora, a esperança de Ana Paula é ver Byanca Brasil e Isa Haas marcarem e darem vitória ao Cruzeiro por 2 a 1: “Passarei 10 horas em um ônibus rumo àquela mesma Neo Química Arena, para ver aquele mesmo Cruzeiro, daquela mesma Byanca, contra aquele mesmo Corinthians. Jogo pegado, digno de uma final de Brasileiro entre os dois melhores times do campeonato”
“Tudo pelo Cruzeiro vale a pena, mas viver este campeonato de perto, dentro e fora de casa, tem sido mágico. A conexão que foi criada entre os torcedores da Desorganizada e as atletas nos jogos que fomos como visitante foi linda. E o carinho e a amizade que criamos nas caravanas vão com certeza ficar para sempre… O Cruzeiro na minha vida é amor, sentimento e uma válvula de escape. Ser Cruzeiro é minha vida”
Ana Paula, fisioterapeuta
Em 2019, quando a Raposa apresentou o primeiro time, que treinava no Complexo Esportivo da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Ana Paula havia iniciado a faculdade. Sempre que podia, atravessava o campus para assistir ao final do treino. A partir de então, “viver o Cruzeiro de garotas se tornou um objetivo diário”.
O Cruzeiro não comunicou se há algum esquema encaminhado para celebrar um possível título. Mas a ansiedade nem permite que os torcedores não elaborem planos. A expectativa dos adeptos, caso o resultado na Neo Química Arena seja positivo, é emendar o retorno a Belo Horizonte com a festa, independentemente de onde for. Geralmente, conquistas celestes são celebradas na Praça 7, no centro da capital mineira.
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