Início » Técnico do Cruzeiro pede atenção com Mineiro Feminino para que embates sejam equiparados
O Cruzeiro estreou no Campeonato Mineiro Feminino no último sábado (20/9) com goleada avassaladora por 21 a 0 sobre o Araguari, no Gregorão, em Contagem. Para o torcedor, o placar gera entusiasmo, mas, ao mesmo tempo, expõe a diferença de condições em que as equipes são submetidas. Comandante das Cabulosas, Jonas Urias pediu atenção dos órgãos responsáveis para que os embates se tornem equiparados.
Primeiramente, o treinador comentou a goleada como treinador: “Em relação ao placar, não posso olhar de forma diferente a não ser fazer o melhor. A gente precisa vencer e vencer o máximo possível”.
Na sequência, falou como ‘entusiasta da modalidade e amante do futebol feminino’. Segundo Jonas Urias, jogos assim não são “atrativos como produto”. Não por culpa das equipes envolvidas, que se esforçam financeiramente para competir.
É de responsabilidade dos clubes, por exemplo, o pagamento das taxas de arbitragem e do quadro móvel; e a disponibilização de médico, enfermeiros e ambulância. Além disso, as equipes terão de arcar com os custos da decisão do Estadual, que ocorrerá em partidas de ida e volta.
No Regulamento Específico da Competição (REC), a Federação Mineira de Futebol (FMF) não cita premiação em dinheiro nem para o time vencedor. “Ao clube que conquistar o título de Campeão será atribuído 01 (um) troféu, além de 50 (cinquenta) medalhas douradas. Para o vice-campeão, serão atribuídas 50 (cinquenta) medalhas prateadas”, diz o Artigo 68.
“Isso não se muda da noite para o dia. A cada ano precisam ser feitos movimentos por parte dos órgãos que gerenciam e fomentam a modalidade para que menos equipes aventureiras apareçam, para que as jogadoras tenham mais calendário, condições de trabalho, para que possam iniciar o mais cedo possível, para que tenham sequência quando jogam, para que possam se profissionalizar e se dedicar exclusivamente a isso. Quando se mexe na estrutura, a médio prazo você reduz esse tipo de situação”
Jonas Urias, técnico do Cruzeiro
Por fim, o comandante celeste celebrou a presença do Araguari: “Parabenizo o Araguari, cada atleta. Elas estão fazendo o melhor que podem com o que tem diante delas. A gente está fazendo nosso melhor também. Que essas jogadoras tenham mais estrutura, respeito, ambiente para que se condicionem, se preparem e possam cada vez mais enfrentar times que estão fazendo bem feito o futebol feminino há mais tempo com uma diferença menor”.
Para a disputa do Estadual, o Araguari fechou uma parceria com o Novos Craques e Talentos. EM 1º de setembro, o projeto divulgou uma seletiva para atletas nascidas entre 2000 e 2011.
Em 2024, sete times disputaram o Mineiro. Neste ano, apenas seis brigam pelo título: América, Araguari, Atlético, Cruzeiro, Itabirito e Valadares.
Segundo Adriano Aro, presidente da FMF, a redução no número de equipes “É decorrência natural do interesse dos clubes”: “A Federação é aberta para qualquer equipe que queira apresentar um time feminino. Acreditávamos que teríamos um aumento de equipes, mas houve diminuição. Ou seja, um maior número de clubes não está interessado no futebol feminino. Enquanto a isso, não há muito o que a federação possa fazer”.
Diretora do Cruzeiro, Bárbara Fonseca rebateu o argumento do dirigente da FMF: “É muito mais fácil fazer o discurso de que não dá, que as marcas não têm interesse, que não dá para viabilizar o crescimento do campeonato, porque, na verdade, eles não têm feito nada. Eles estão esperando somente que os clubes façam seus movimentos e entrem numa competição que não gera premiação nem visibilidade, porque a FMF tem uma dificuldade enorme de conseguir transmissão dos jogos, não subsidia custos da competição”.
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